terça-feira, 20 de outubro de 2015

Comprei um Lonely Planet do Brasil e comecei a fazer uma lista dos lugares turísticos que tenho vontade de conhecer! E depois de passar por alguns lugares era a vez de conhecer Bonito, no Mato Grosso do Sul. Tomei um voo desde Goiânia passando por São Paulo. Após uma pesquisa pela internet e uma conversa com alguns amigos que já foram acabei decidindo voar até Campo Grande, a 300km de Bonito, e alugar um carro para chegar à Bonito. Há um aeroporto pequeno em Bonito e a Azul voa desde Viracopos mas os preços era bem salgados.

E a idéia de alugar um carro foi muito boa. Pra quem vai passar mais de 4 dias por lá eu recomendo bastante: você não fica limitado ao transporte das agências e no final das contas acaba saindo mais barato porque a passagem de ônibus Campo Grande - Bonito é um pouco cara e todos os passeios saem mais baratos se você tem transporte próprio. Sem contar que você pode se hospedar um pouco mais longe do centro encontrando boas opções e sem depender de táxi. Acabamos escolhendo um lugar que vimos no Booking.com chamado Chalé do Bosque. O lugar eram vários chalés em um bosque na parte alta da cidade. Além da privacidade dos chalés o local contava como uma área comum com piscina cercada por uma mata em todos os lados. No próprio chalé vimos tucanos, araras e uns mamíferos pequenos que parecia com um furão. Recomendo bastante pra quem for de carro. Pra quem depende de táxi não vale a pena porque o transporte acabará saindo mais caro.



Provando cerveja de mandioca em Bonito
Chalé do Bosque

A viagem desde Campo Grande até Bonito não foi fácil e foi um daqueles momentos em que você se decepciona com a infra-estrutura do seu país. A rota mais curta que foi sugerida pelo GPS tinha 60km de estrada de chão. Acabamos fazendo a rota mais larga mas toda pavimentada. A primeira metade do percurso estava em boas condições mas a parte final... Buraco, buraco e buraco pra fazer o turista decidir mesmo. E como já era tarde acabei caindo em um montão! Chegamos à Bonito 5h depois e buscamos o Chalé do Bosque. Foi um pouco difícil encontrá-lo à noite já que o lugar era afastado do centro, mas após chamá-los o dono me explicou como chegar. Descarregamos as malas e fomos ao centro buscar um lugar para comer e procurar uma agência de viagem pra fazer os passeios.


O turismo em Bonito é organizado: as reservas são feitas pelas agências em um sistema em tempo real respeitando a capacidade máxima de cada lugar. As opções de passeio são muitas e devem haver mais de trinta: mergulhos, flutuações, trilhas, cavernas, clubes, bicicleta e por aí vai. Vale a pena entrar nos sites das agências e no trip advisor antes de começar a viagem para decidir aonde ir. O lado negativo é que na prática é um grande cartel já que os preços são todos tabelados e não são baratos. Os preços são diferentes na alta e baixa temporada e por sorte fomos na baixa. Além do preço mais barato a outra vantagem da baixa temporada era que todos os passeios, com exceção da flutuação no Rio do Peixe, tinham disponibilidade sem necessidade de reservar com antecipação. Pra quem planeja ir na alta temporada compensa reservar os passeios com antecipação antes de viajar. Reservamos todos os passeios com a agência Ygarapé e recomendo bastante. Como os preços são tabelados eu imaginei que o serviço não seria bom já que não há concorrência, mas pelo contrário, pessoal super atencioso e com atendentes que além do português falavam espanhol e inglês.


E antes de falar dos passeios quero falar sobre alguns fatos que eu achei bem interessante de Bonito. O primeiro é à respeito da formação das cachoeiras. Já escutou alguma vez o ditado "água mole em pedra dura tanto bate até que fura"? As rochas da região são calcárias e após perfurá-las a água carrega seus minerais, principalmente bicarbonato de cálcio e magnésio. E após encontrar alguma restrição, como por exemplo um galho, esses minerais começam a agarrar a superfície do galho que torna-se cada vez maior mudando o curso do rio e formando as cachoeiras. Por essa razão o pessoal de lá adora dizer que as cachoeiras do local são vivas! Pela mesma razão em Bonito também há muitas cavernas! Outro fato interessante é que quase todos os passeios feitos na região estão em reservas particulares do patrimônio natural. E uma vez tomada como reserva particular isso nunca mais pode ser alterado. Na prática você acaba ajudando a natureza e o desenvolvimento sustentável ao se divertir na região.


Há muitos lugares para comer pelo centro da cidade e o forte é a culinária local com muitos peixes e algumas opções de carne não tradicionais como jacaré e javali. Após uma pesquisa descobri que essas carnes não são de caça ilegal, mas sim de criadeiros locais assim que pode comer sem peso na consciência. Mas a minha sugestão é um lugar chamado Juanita Restaurante. Foi sem dúvida o melhor Pacu que já comi e os preços razoáveis. Também adoramos o Bar Taboa, aonde cada cliente pode deixar um recado nas paredes do bar. Dentre as cervejas você pode desfrutar uma de mandioca!

Fizemos vários passeios e abaixo detalharei cada um:

O passeio que fizemos no nosso primeiro dia foi ao Rio do Peixe. O lugar é lindo e te dá uma boa idéia do que é Bonito com todas suas cachoeiras e contato com a natureza. O passeio consiste em uma trilha curta passeando pela margem dos rios e por algumas pontes com muitas paradas para se banhar no rio e desfrutar as cachoeiras. Há algumas paradas com trampolim e tirolesa. O passeio incluiu comida típica local que era uma delícia. E após o almoço o dono exibia umas araras, tucanos e uma anta que viviam por lá. Mas na verdade eu não achei legal já que esses animais estavam domesticados.


Cachoeira do Rio do Peixe

O passeio à Estância Mimosa foi bem parecido ao do Rio do Peixe. Uma trilha curta com várias cachoeiras a diferença é que parte do percurso foi feita de barco. Vimos algumas tartarugas e duas cobras! O passeio também incluiu almoço com comida típica local feita no forno à lenha e dura todo o dia.

Um dos passeios mais legais e o mais barato que fizemos foi o Lobo Guará. O passeio é o organizado pelo Márcio e consiste em um trajeto feito em mountain bike que dura mais ou menos 03:30 passando pelo Parque Ecológico e pelo Rio Formoso. Há algumas paradas para se banhar nas águas e a mais legal é uma parada aonde cada turista planta uma árvores nativa. O Mário nos contou que ao longo dos anos já plantou milhares de árvores nativas e já saiu até em livros. O único ponto negativo do passeio é que a trilha de bicicleta é de baixa dificuldade para atingir um maior público, ou seja, se você quer uma trilha mais pesada irá se decepcionar.


Passeio do Lobo Guará

No Rio da Prata

Araras no Rio da Prata

Tucanos no Chalé do Bosque
Junto à Gruta do Lago Azul o passeio mais buscado de Bonito é o do Rio da Prata. O passeio consiste em uma flutuação por um percurso de mais ou menos 2km por águas cristalinas. Durante o trajeto você verá muitos peixes incluindo dourados e se tiver sorte como nós: uma sucuri! Fiz um mega vídeo da sucuri entrando e saindo da água com a GoPro só pra descobrir depois que havia uma bolha de água em parte da lente. Parece história de pescador mas juro que não é! Durante a flutuação você também passa pela nascente do Rio Olho D'água. O mais interessante é que a maior parte da flutuação é feita no Rio Olho D'água e ao chegar ao Rio da Prata as águas são menos transparentes e muito mais frias. O passeio também consiste em uma trilha curta e uma trajeto também curto feito em caminhonete. Como eu havia mencionado esse é um dos passeios mais procurados. Fui com a Rocio na baixa temporada e devido ao limite de pessoas não conseguimos fazer os passeios no mesmo grupo. Recomendo reservar com antecipação.

Transporte no Rio da Prata

Rapel no Abismo Anhumas

No Abismo Anhumas

Cachoeiras em Estância Mimosa

Mergulho no Abismo Anhumas

Abismo Anhumas - Sem dúvida um dos passeios mais incríveis que já fiz apesar do preço ser bem salgado. O lugar é uma caverna gigantesca com uma única entrada no seu topo. Sendo assim a única maneira de descer ou subir é fazendo um rapel de 70m. No dia anterior ao passeio você deve fazer um treinamento para aprender como fazer rapel e umas dicas de segurança. A descida à caverna é bem tranquila e dependendo do seu nível de medo pode ser feito em apenas 1min sem problema. A visibilidade dentro da caverna é muito reduzida e por conta disso as fotos que tiramos, com câmeras normais, saíram bem ruins. A Rocio fez a flutuação e eu fiz mergulho. A temperatura da água é fria mas nada que um bom traje não resolva. O mergulho foi incrível e te deixa com sensação de estar em outro planeta enquanto você nada ao lado dos estalagmites. A idéia é contemplar essas formações incríveis já que não há vida marinha. A profundidade máxima foram 18m e eu nem levei câmera já que sabia que as fotos ficaram ainda piores do que as da superfície. A foto de mergulho da postagem é roubada do google... O instrutor tirava muitas fotos que te vendia depois. Ele tem um equipamento profissional mas como o mergulho já havia custado uma fortuna acabei não comprando nenhuma.

Após terminar o passeio vem o rapel pra subir! Hahahahaha! Isso é uma história completamente diferente da subida. É feito em pares e eu e a Rocio subimos juntos. Nesse momento é muito importante coordenação para evitar patadas na cabeça do outro e empurrões. Isso foi algo que nos faltou e chegamos à superfície meia hora depois cheio de hematomas! Rs! O Abismo é incrível e recomendo à todos, o único ponto negativo é a longa espera lá embaixo antes e depois do mergulho ou flutuação. É inevitável já que passam muitas pessoas por dia e a única maneira de subir ou descer é pelo rapel. E se uma pessoa demora um pouco mais todos os tempos se estendem.
Adorei conhecer Bonito: os passeios são incríveis e o contato com a natureza é bem forte. Recomendo à todos. Os únicos pontos negativos na minha opinião eram a péssima qualidade das estradas e o alto preço dos passeios.

Bonito - FINAL

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