sábado, 15 de julho de 2017

A razão por trás da escolha de Voss era passar um dia em alguma cidadezinha entre Gudvangen e Bergen, nosso próximo destino. Além disso, Voss é conhecida pela prática de esportes como o trekking, bicicleta e vários outros praticados no lago da cidade, o que acabou nos convencendo. Ao chegar, seguimos direto ao nosso albergue, Voss Vandrarheim da Hostelling International, caminhando desde a parada de ônibus. Durante a caminhada, já deu pra perceber que Voss está mais para vilarejo que para cidade e também que o clima não cooperaria para a prática de esporte algum. Caía uma chuva fina, que não dava sinais de trégua e, apesar de ser verão, a temperatura mal passava dos 10ºC. Aproveitamos o que sobrava do dia para caminhar pelo vilarejo e tirar fotos. Além do lago e da igrejinha, não havia muito para ver e ficamos pensando se realmente fizemos uma boa escolha passando esse dia por lá...


Voss
Em nosso segundo dia por Voss, a chuva continuava, mesmo assim decidimos alugar duas bicicletas e tentar ir até a cachoeira Skejervefossen parando em alguns lugares no caminho. Digo tentar porque apesar da distância não ser longa, 17km em cada direção, demoramos a decidir o que fazer e tínhamos que viajar à Bergen após o almoço. Apesar da pressa, e do preço caro das bicicletas, U$30 por pessoa, vimos que o passeio valeu a pena ao chegarmos a cachoeira. O lugar era muito bonito! Tiramos várias fotos e relaxamos um pouquinho antes de voltar e seguir à estação de trem. Detalhe interessante é que até o banheiro público, ao lado da cachoeira, era incrível! A parede de vidro dava para o rio e para a cachoeira. Terminando o passeio, voltamos ao albergue, pegamos as mochilas e corremos à estação de trem.


Igrejinha típica da Noruega com um cemitério na sua frente


Skjervefossen

O trem de Voss a Bergen custou U$25 e em poucas horas chegamos a nosso destino. Pra quem nunca escutou falar de Bergen, essa cidade é conhecida como uma das mais chuvosas do mundo, com cerca de 250 dias de chuva ou neve por ano. E como não poderia ser diferente, choveu todos os dias que passamos por lá! Caminhamos da estação de trem até nosso airbnb debaixo de uma fina garoa que não chegava a molhar, mas incomodava bastante. E ao chegar ao airbnb tivemos uma surpresa bem desagradável. Nem eu e nem a Rocio somos muito exigentes com estada. Pensamos na hospedagem apenas como um lugar para descansar das atividades diárias e nada mais. Mas, acontece que esse foi de longe o pior airbnb que já ficamos na vida. Chegou ao próximo ao albergue de Split na Croácia. O quarto tinha pinta de não ser limpo há muito tempo e o banheiro menos ainda. Pensamos um pouco no que fazer e decidimos continuar por lá pra não ter de gastar tempo procurando outro.

Durante o primeiro dia, conhecemos o cartão postal da cidade, que são as casinhas de Bryggen e o mercado de peixes. Foi programa de turistão mesmo e acabamos comendo no mercado. Pedi um prato de peixes variados que vinha inclusive com carne de baleia. Já havia provado baleia defumada antes, mas assada foi a primeira vez. Não havia muito a se fazer, pois por ser domingo estava tudo fechado. Os noruegueses realmente levam a sério o seu dia de descanso.


Bryggen em Bergen

No dia seguinte, acordamos e fomos até a parada do ônibus que levava ao Mt. Ulriken. O ônibus custou 60 NOK (U$7,4), a subida no teleférico 110 NOK (U$13,5). Fizemos a trilha desde Ulriken até Mt. Floyen, que tem 13km. Os dois formam parte dos sete picos que rodeiam Bergen. Inclusive, se você passar pelos sete no mesmo dia pode carimbar um cartão como recordação. A trilha foi super legal e pela quantidade de pessoas locais deu pra ver porque eles dizem que o trekking é o esporte nacional dos noruegueses. O pessoal inclusive puxava papo, perguntava nossa nacionalidade e eram bem amistosos. Acabamos errando a trilha na parte final, ao decidir não voltar ao airbnb pelo funicular mas sim caminhando. No final das contas, entramos em uma trilha vazia e no meio de um bosque. Em condições normais eu acharia até legal, mas estávamos com pressa para ir jantar na casa de um amigo. Resumo da cagada é que fizemos mais de 20km de trilha, por esse erro de caminho. Um pouquinho mais e teríamos percorrido a mesma distância que forma a trilha dos sete picos. A trilha é mais bonita do lado de Floyen, com muito bosque. Do lado de Ulriken há mais pedra e menos vegetação. A trilha nos pareceu ter nível difícil com muita descida e subida.


Animais na trilha em Mount Floyen
Perdidos pela trilha mas com uma paisagem incrível

Chegamos ao airbnb mortos de cansaço depois de pouca comida e água. Fomos à parada do Bybannen, que é o trem de superfície, e de lá à casa do Alex, onde jantamos e nos reencontramos após cinco anos. Havíamos trabalhado juntos em Cañadón Seco, no Sul da Argentina, e aproveitamos pra colocar o papo em dia, acompanhados por umas pizzas com cervejas.


Reencontro com Alex

A viagem já se aproximava ao fim e no dia seguinte fomos de ônibus à Stavanger. O caminho por si só foi incrível. A costa Oeste da Noruega é onde estão os fiordes e o terreno é muito acidentado. O ônibus passou por duas balsas e muitos túneis. Até perdi a conta! Do próprio ônibus vimos alguns fiordes. No primeiro dia em Stavanger, caminhamos pelo centro histórico que nos lembrou um pouco Bryggen em Bergen, com suas casinhas coloridas. A diferença é que Stavanger pareceu muito mais vibrante com mais cafés e música ao vivo, apesar de menos famosa. Menos turística também, apesar que alguns dias, quando há chegada de cruzeiros, o centro fica muito movimentado.


Centro histórico de Stavanger

No segundo dia acordamos cedo e fomos a Preikestolen, também chamado de Pulpit Rock. Esse é um dos trekkings mais famosos da Noruega e é bem provável que mesmo se você não sabe exatamente do que estou falando, já tenha visto alguma foto da pedra gigantesca no final do percurso. A trilha não começa em Stavanger, mas próximo de lá. Compramos on-line o pacote com balsa e ônibus por 320 NOK (U$38) por pessoa ida-e-volta. Apesar do preço alto, padrão da Noruega, as compras on-line e com antecipação são sempre mais baratas. O trekking mesmo são 4km em cada direção e eu achei muito mais fácil do que o que fizemos em Bergen, não só pelo percurso mais curto mas também pela dificuldade. O que me surpreendeu foi a quantidade de turistas, que é consideravelmente maior. A minha dica é ir mais cedo! Muita gente acampa por lá pra fazer o percurso ao nascer do sol. A vista do alto da pedra é incrível. Você fica sentado em cima daquela rocha imponente, olhando um incrível fiorde. As belezas naturais da Noruega são realmente de cair o queixo.


Início da trilha à Pulpit Rock
Pulpit Rock
Vista do alto de Pulpit Rock

Após voltar, fomos ao centro e encontramos outro amigo, o Daniel, e fomos com ele a um bar. Tomamos algumas cervejas e em seguida saímos do bar já que havia um palco com música ao vivo do lado de fora. A banda alternava música norueguesa com hits internacionais. A qualidade não era lá essas coisas e somado com o cansaço do passeio e o alto preço das cervejas nos fez decidir voltar ao airbnb.

O dia seguinte era nosso último de viagem, já que voaríamos no final da tarde de volta à Copenhagen. Durante a manhã, Daniel nos levou às prais de Stavanger, que estão afastadas da cidade. As praias eram de areia e tinha muita gente surfando. Mesmo assim eu vi que não há como comparar com as praias tropicais. Apesar de estar no ápice do verão, a temperatura da água era muito fria. Todas as pessoas que entravam na água tinham roupa de neoprene!


Pelas praias de Stavanger com Daniel

A última atividade do dia foi para relembrar o meu antigo emprego. Fomos ao Museu do Petróleo de Stavanger. A entrada custa 120 NOK (U$15) para adultos e 60 NOK (U$7,5) para estudantes. Eu super indico, mesmo pra quem não se interessa pelo assunto. A história de Stavanger e a economia da Noruega estão muito ligadas ao petróleo e o país tem uma estratégia para o uso dos benefícios dessa riqueza completamente diferente de tudo o que já vi. Lembram-se quando o pré-sal era a notícia do Brasil e antes de começar a produção já discutíamos como usar o dinheiro? Ou o exemplo da Venezuela com as maiores reservas de petróleo do mundo, porém vivendo uma escassez de produtos básicos? O petróleo movimenta a economia da Noruega através da geração de emprego. Já os royalties entram para um fundo soberano que hoje é o maior do mundo. O dinheiro não é gasto, mas entra para uma espécie de poupança administrada pelo governo. Tudo isso e muito mais é explicado no museu, inclusive a razão pela qual eles são os maiores doadores para a preservação da Amazônia.


Dando uma de petroleiro

Com o passeio no museu, a viagem chegou ao fim, mas com gostinho de quero mais. Com certeza voltarei a Noruega. E, da próxima vez, pra alugar um carro e conhecer o Norte do país.

Noruega - Parte 2 Final

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